Solidariedade com o povo palestino

Faz dois meses que o povo palestino vem sendo massacrado por Israel e seu grande aliado, o Norte Global. Faz décadas, na verdade. Longas e dolorosas décadas.

Não tenho eloquência nem conhecimento o suficiente para dissertar sobre o assunto, mas se opor a uma limpeza étnica que acontece diante dos seus olhos não é uma decisão complicada.

É difícil não ser radicalizado por acontecimentos assim que são cada vez mais frequentes e desinibidos. O governo de Israel não faz questão alguma de esconder suas intenções, ou sequer conter seu entusiasmo e sede de sangue. Que ódio do Ocidente, com sua retórica podre e seu apoio financeiro e moral ao exército israelense. Incontáveis euros e dólares direcionados a distribuição de bombas. Bombas feitas para decimar quarteirões inteiros, bombas feitas para mutilar pessoas e suas árvores genealógicas.

E que vergonha desse governo neoliberal, que não tem a mínima decência de cortar laços com Israel, de condenar sem ambiguidade esse genocídio do povo palestino. Covardia diante de uma atrocidade dessas me dá repulsa.

Li recentemente o livro de Iris Chang sobre o Estupro de Nanquim. A violência cometida pelo império japonês é indescritível e te deixa com tontura só de pensar na quantidade de pessoas que foram mortas, torturadas, estupradas, usadas como cobaias, dentre muitas outras coisas horríveis e repugnantes. No final do livro, Iris fala sobre as constantes tentativas do governo japonês de apagar as atrocidades que cometeu, e o descaso dos governos ocidentais (principalmente o estadunidense) para com as vítimas dos incontáveis crimes contra a humanidade comandados pelo Japão.

Sempre que se discute acontecimentos como o Estupro de Nanquim e o Holocausto, as pessoas se perguntam como que tantos foram coniventes para com o genocídio. Por que não houve mais resistência? Por que tantos simpatizaram com retóricas tão violentas?

Hoje vemos governos que não só compactuam com o genocídio do povo palestino como justificam suas injustificáveis ações. Temos jornais e revistas e incontáveis jornalistas que repetem as mentiras de Israel e descrevem suas vítimas como animais sanguinários. Temos pessoas que sentem apatia diante de milhares de crianças mortas só porque essas crianças não são europeias de olho azul.

O povo palestino é cheio de vida e determinação. São pessoas tão cheias de amor e vontade de viver. Vejo suas fotos, seus vídeos, seus pedidos de ajuda e sua dor escancarada. Sua resistência é a coisa mais virtuosa que esse mundo tem a oferecer.

Que o sionismo e todas as estruturas que permitem sua existência sejam erradicados e que o povo palestino seja livre, do rio ao mar.