Resenha: Killers of the Flower Moon (2023)

Um filme sobre a incessante e devastadora violência cometida pelos brancos para com os povos indígenas e negros, especificamente contando os revoltantes acontecimentos ao redor dos Osage. Não há um pingo de simpatia a se ter por Ernest e os demais vilões desta história, com seus capuzes brancos, armas de fogo e pífios vestígios de humanidade dentro de si.

A forma corriqueira que todos os assassinatos, o massacre de Tulsa e até a presença opressiva do Ku Klux Klan são narrados é, ao mesmo tempo, extremamente nauseante e um triste espelho da realidade. Tal como demonstrado no filme, toda essa violência foi empurrada para debaixo do tapete e seus protagonistas saíram impunes e viveram longos anos confortáveis.

Scorsese não está interessado em se exonerar, ficar em cima do muro ou se reduzir a testemunha. Insere-se no próprio filme e se implica na violência colonial dos últimos séculos.

Nos aspectos técnicos, toda a equipe aqui é de se tirar o chapéu. Os maravilhosos panoramas com cinematografia de Rodrigo Prieto; A trilha sonora simples porém impactante de Robbie Robertson; A edição precisa e engajadora da legendária Thelma Shoonmaker. É um presente para todos os sentidos.

Precisa-se exaltar também a atuação do elenco todo, principalmente De Niro como o detestável King Hale e Lily Gladstone, cuja sutileza e paleta emocional foi o coração das quase quatro horas de trama.

Que tristeza saber que todas essas mortes (e incontáveis mais) aconteceram e continuam a acontecer. Pessoas como Mollie que perderam tanto e sofreram incessantemente em nome do dinheiro, do poder e da supremacia branca.

O mundo de Killers of the Flower Moon é podre e, acima de tudo, é o mundo real.