O poder da caneta e do papel

Por meses e meses estive em busca do software perfeito para fazer e organizar anotações. Qual editor de texto usar? Será que é melhor ter uma interface gráfica ou fazer tudo pelo terminal? Devo mergulhar de cabeça no mundo Vim e seu ecossistema de plugins?

Pulei de programa pra programa, de filosofia pra filosofia e nada nunca me satisfez, sempre falhando em uma área ou outra, sendo simplório demais ou convoluto demais.

Ultimamente venho tentando passar menos tempo em frente de um computador. Passo a maior parte do dia trabalhando e encarar um monitor é inevitável. Quando chego em casa, minhas únicas opções de entretenimento envolvem um computador e um celular. Sinceramente isso tá me causando um mal tremendo – tanto psicologicamente quanto fisicamente – e eu venho tentando voltar ao analógico sempre que possível.

Chega a ser bobo mas depois de toda essa busca pelo programa de anotações perfeito, a última possibilidade em que eu pensei foi simplesmente escrever coisas num pedaço de papel. Todo esse tempo focando somente no digital quando o sistema mais otimizado já existe desde que o ser humano aprendeu a transformar palavra falada em escrita e pensamento em prosa.

Estou aqui, então, com caneta e caderneta em mãos, anotando sentimentos, tarefas e qualquer outra coisa que der na telha usando o maravilhoso sistema de Bullet Journal do Ryder Carroll. Ter uma coisa palpável no meu bolso, que posso levar pra todo lado e me manter centrado e consciente para com minha própria vida é indescritível.

Vale dizer que esse sistema de anotações analógico tem uma vertente mais artística, que é comumente vista em posts de rede social e o caramba a quatro. Não tenho interesse nenhum em decorar minha caderneta ou transformá-la em um projeto de artes e acho importante frisar que seu Bullet Journal pode (e deve) ser o que você quer que ele seja. Muitos desistem do sistema porque acham que seu BuJo tem que ser super bonito e cada página deve merecer um post no Instagram, mas não é bem assim. Inclusive, acho mais pertinente entender o básico do básico e se adaptar de acordo com suas necessidades pessoais do que seguir tutoriais complexos e avassaladores.

Recomendo também usar folhas pontilhadas. Elas oferecem todos os benefícios de folhas pautadas (a escrita não fica torta, etc) com uma liberdade maior e mais espaço para experimentação.

Isso funciona pra todo mundo? Claro que não. Mas funciona pra mim e finalmente posso dizer que encontrei o melhor programa para anotações: um pedaço de papel.