Navegando o mundo corporativo

Há uma grande chance de eu começar um trabalho novo nas próximas semanas. É um emprego entendiante dentro do comércio e que provavelmente vai me fazer querer pular na frente de um trem. A vida não é empolgante pra classe trabalhadora e o que nos resta senão se virar com o mínimo.

Estou na fase de preencher formulários e é difícil não ficar preso na desonestidade e invasão de privacidade que esse processo força goela abaixo. Perguntas sobre sua dedicação aos clientes e valores da empresa que parecem ter saído direto de um panfleto de culto. Perguntas sobre seu gênero e sexualidade que, se respondidas honestamente, colocam você e sua estabilidade em risco. É tudo tão humilhante e desnorteador.

Têm mil formas de foder com essa oportunidade – falo por experiência própria – e há uma ansiedade roendo as paredes do meu estômago. Ser bom com as pessoas deve estar no top 3 de habilidades necessárias para conseguir qualquer emprego e eu tenho um pavor imenso de não ser bom o suficiente para me manter na força de trabalho.

Seres humanos podem aprender e se adaptar. Eu posso aprender e me adaptar. Eu vou aprender e me adaptar. É o que vou continuar repetindo no espelho até que palavras vazias se tornem filosofia.